O
impedimento da continuidade da gestão da então presidente Dilma Rousseff no
Brasil ganhou grande força e amplitude a partir do momento em que a população
começou a sair às ruas para se manifestar. Somente o “panelaço” feito em casa
não estava representando mais a indignação da população com as constantes
divulgações dos resultados de investigações feitas por operações policiais como
a Lava Jato.
A
raiva combateu o medo das pessoas protestarem que saíram às ruas para mostrarem
sua indignação, como aconteceu também em outros países. De acordo
com o estudioso Manuel Castells, passar da indignação pessoal à ação coletiva é um processo de
comunicação e o ato de se comunicar depende das formas de organização e
tecnologia disponíveis em cada contexto histórico. Hoje em dia, nossa
comunicação é feita em rede e de forma instantânea, “um mecanismo que permite a
interação do pessoal ao coletivo em tempo real”, sendo que a estrutura social
em rede e a atual base tecnológica permitem que estas mudanças institucionais
ocorram, comenta.
Os
movimentos em rede nascem na internet, de acordo com Castells um local
protegido, em que as mensagens podem ressoar de forma imediata em âmbito global
com uma velocidade tão rápida que não pode ser reprimida desde o início. Desta
forma, grupos de WhatsApp, Facebook, discussões via Twitter e hashtags #VemPraRua,
começaram a movimentar a população que se organizou em todos os estados do país
culminando em grandes momentos de manifestação em datas e horários marcados. Da
mesma forma, os pró-governo também se mobilizaram nas redes e tiveram seus dias
de protesto.
Pelas
redes sociais os grupos se atacavam com a delicadeza de denominar um ao outro
como “coxinhas”, os esnobes, da classe burguesa, contra o governo e os “mortadelas”,
que recebiam lanches para protestarem a favor de Dilma. Rapidamente hashtags #Coxinha,
#MortadelaDay, #MarchaDosMortadelas e #ImpeachmentDay
começaram a inundar as redes sociais, aparecendo nos Trend Topics nacionais.
A sociedade digital no mundo impacta diretamente na mudança da
mentalidade de uma sociedade e sua personalidade. Entre todos os movimentos
sociais que acontecem não só no Brasil como em outros países, o que deve ser
considerado não é a forma como são feitos, mas os resultados futuros que
trarão, as mudanças culturais e novas formas de representação democrática que
estão começando a ser construídas agora.
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